A obesidade nas crianças e adolescentes é uma das doenças que tem crescido de forma alarmante na maioria dos países nos últimos anos. Tanto que a OMS definiu a obesidade como uma pandemia global. Cerca de 41 milhões de crianças com menos de 5 anos têm excesso de peso ou são obesas1. Na publicação seguinte, falamos-lhe sobre as consequências e os riscos da obesidade para a saúde das crianças.
A obesidade e o excesso de peso são frequentemente utilizados como sinónimos. Contudo, do ponto de vista médico, têm diferenças importantes. Ambos os conceitos se definem como a acumulação anormal ou excessiva de gordura corporal. Contudo, a diferença entre a obesidade e o excesso de peso é a quantidade de tecido adiposo acumulado, que, no caso da obesidade, já é considerada uma doença crónica que pode ter consequências graves para a saúde3.
A obesidade está a tornar-se cada vez mais comum na infância. Em 2016, 41 milhões de crianças com menos de cinco anos tinham excesso de peso ou eram obesas1.
O nível de gordura corporal é calculado com base no índice de massa corporal (IMC), que é um indicador da relação entre peso e altura. No caso das crianças, não é o mesmo que nos adultos - por exemplo, se tivermos uma criança de 2 anos que pesa 14 kg e tem 80 cm de altura, o seu IMC será de 21. Contudo, saber o IMC não é suficiente para saber se uma criança tem excesso de peso ou obesidade, uma vez que temos de ter em conta a idade e o sexo. Portanto, após calcular o IMC, devemos calcular o percentil que se adapta à criança.
Fonte: Padrões de crescimento infantil da OMS por idades em crianças3
A OMS desenvolveu curvas de crescimento que são utilizadas pelos pediatras para medir o crescimento das crianças e assim determinar o seu IMC. Para tal, analisou-se a altura e o peso de amplos grupos de crianças saudáveis de diferentes idades. Existem diferentes tabelas diferenciadas por sexo e idade2.
Os percentis são um indicador da posição relativa do IMC de uma criança em relação ao seu grupo de pares do mesmo sexo e idade. A classificação infantil da OMS sobre os percentis indica3:
Os hábitos alimentares e o estilo de vida são as principais causas da obesidade infantil. Contudo, podem existir outros fatores que contribuem para a obesidade, tais como fatores genéticos, hormonais e psicológicos.
• Alimentação inadequada: Uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados, bebidas com elevado teor calórico, óleos e farinhas refinadas, tal como fast food, doces ou bebidas açucaradas, pode contribuir para que as crianças desenvolvam problemas de obesidade na infância.
• Pouca atividade física: O sedentarismo e a falta de exercício físico desempenham um papel importante no aumento de peso das crianças, uma vez que não queimam calorias suficientes. Atividades como ver televisão, jogar jogos ou passar demasiado tempo sentado são algumas das razões pelas quais as crianças ficam com excesso de peso ou obesas.
• Fatores genéticos: As crianças com antecedentes familiares de obesidade são mais propensas a serem obesas. Segundo um documento redigido pela Sociedade Espanhola para o Estudo da Obesidade (SEEDO), a hereditariedade é responsável por 20-40% das causas da obesidade, com múltiplos genes e polimorfismos implicados no comportamento alimentar e no gasto energético₅.
• Fatores psicológicos. O stress pode aumentar o risco de obesidade das crianças. Algumas crianças acabam por sofrer transtornos alimentares devido a certos problemas ou simplesmente para combater o tédio.
Geralmente, se o excesso de peso e a obesidade ocorrerem na infância, é muito provável que continuem na idade adulta, a menos que sejam tomadas medidas precoces para a sua prevenção.
As consequências da obesidade são físicas e mentais, uma vez que podem levar a doenças como:
BIV-3/2023-147